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Copa do Catar

Protestos marcam a Copa do Mundo no Catar, país que ignora os direitos humanos

Apesar da opressão da Fifa, várias seleções já se insurgiram contra o desrespeito do Catar contra as mulheres e a comunidade LGBT+

28 nov 2022 - 05h10
(atualizado às 07h16)
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Braçadeiras "One Love" são símbolo de protestos contra preconceito LGBTfóbico
Braçadeiras "One Love" são símbolo de protestos contra preconceito LGBTfóbico
Foto: Reuteres

A Copa do Mundo completou uma semana de jogos marcada, nas arquibancadas e em campo, por protestos contra o desrespeito aos direitos humanos no Catar. Apesar da contrariedade e das ameaças da Fifa, várias seleções se engajaram nessa luta, casos de Alemanha, Dinamarca e Inglaterra entre elas.

Um protesto marcante ocorreu na quarta-feira. Ao posar para a foto antes do jogo com o Japão, os jogadores da seleção da Alemanha taparam a boca. Mensagem: reprovação à proibição de usar a braçadeira de capitão da campanha "One Love" durante os jogos do mundial. A tarja é um sinal de apoio à comunidade LGBT+, cujos direitos são simplesmente ignorados no Catar.

Quem proibiu foi a Fifa, preocupada em não desagradar as autoridades catarianas. A entidade avisou que iria punir o capitão da seleção que usasse a braçadeira vetada.

Dias depois, porém, o diretor executivo da Federação Inglesa, Mark Bullinghan, denunciou que a ameaça era ainda maior e ficou clara antes do jogo da equipe com os EUA. "Nos avisaram duas horas antes do jogo. Vieram aqui com cinco árbitros e disseram que, no mínimo, qualquer jogador que usasse a braçadeira enfrentaria medidas disciplinares ilimitadas. Não se tratava só de uma multa ou de cartão amarelo", afirmou ao jornal espanhol Mundo Deportivo.

REAÇÃO

A Inglaterra era uma das seleções que queriam usar a braçadeira "One Love" para protestar contra o Catar. Impedida, passou sua mensagem de outra maneira: na estreia contra o Irã, os jogadores cantaram o God Save The King e se ajoelharam em campo - ajoelhar é um protesto antirracista comum no futebol inglês.

"Discutimos sobre ajoelhar, e chegamos à conclusão que devemos fazer isso. É o que acreditamos como time, e temos feito isso por muito tempo", disse o técnico Gareth Southgate.

Do Irã, por sinal, vieram protestos significativos. Na estreia contra os ingleses, os jogadores se recusaram a cantaram o hino nacional como forma de apoio às manifestações contra o regime teocrático do Irã, iniciadas após a morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro, enquanto estava sob custódia policial - ela foi presa pela polícia da moralidade do país, por não usar um hijab corretamente.

Durante o jogo, mulheres iranianas nas arquibancadas choraram. Proibidas por 40 anos de entrarem nos estádios em seu país, após a Revolução Islâmica em 1979, muitas estavam assistindo a uma partida de futebol pela primeira vez.

No Irã, porém, tudo tem um custo. Na vitória por 2 a 0 sobre o País de Gales os jogadores cantaram o hino. No mesmo dia da partida o ex-jogador Ghafouri havia sido preso no país acusado de "insultar a reputação da seleção nacional" e fazer "propaganda contra a República Islâmica" por publicar foto no Instagram uma roupa tradicional curda. A prisão teria sido um "recado" para que os jogadores da seleção "se comportassem".

No entanto, nas arquibancadas torcedores iranianos exibiram cartazes com a palavra Azadi (liberdade, em persa). Essas pessoas foram intimidadas por iranianos favoráveis ao regime dos aiatolás.

A seleção da Dinamarca também protestou neste Mundial. O brasão da federação foi "apagado" na camisa da seleção e presidente da entidade falou até em se desfiliar da Fifa por causa da posição retrógrada do órgão. A Holanda vai leiloar todas as camisas utilizadas no torneio e o dinheiro arrecadado será destinado a trabalhadores estrangeiros no Catar. A seleção brasileira não fez nenhum tipo de protesto.

Estadão
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