Foi com essa idade que a então criança de Caxias do Sul fez um desenho, em um trabalho escolar. Primeiro, ele se colocou no passado, quando o pequeno Alex já havia se "formado na escolinha". No presente, já dava os primeiros passos no futebol, no Juventude. E o futuro? Bem, talvez nem ele não pudesse de fato prever, mas colocou-se como jogador de seleção brasileira na Copa do Mundo.
"Do desenho, não imaginava que seria como foi. Tinha 10 ou 9 anos. Era o passado e o presente e, no futuro, me desenhei na seleção. Busquei, trabalhei muito e, quando concretizei o terceiro passo, foi um arrepio. Agora é desfrutar, vai dar tudo certo", disse ele, antes do jogo com Camarões.
Telles afirmou que a chegada à seleção na Copa é um trabalho de "anos". "Cada atleta tem um projeto de vida, tem um objetivo, e o nosso é chegar no mais alto nível. É onde estou. Estou preparado para desempenhar meu melhor papel", complementou, sobre a chance de ser titular.
De fato, o ESPN.com.br teve a oportunidade de entrevistar Telles em 2014 e 2015 e, nas duas ocasiões, ele citou a seleção brasileira como objetivo. Ele só foi chamado, porém, por Tite, em 2019.
Na primeira entrevista, o lateral ainda estava no Galatasaray, clube que o comprou por 7 milhões de euros após passagem de destaque pelo Grêmio. O início, como revelou o desenho, foi no Juventude, clube que defendeu por 12 anos. Depois, já na Europa, ele ainda defendeu Inter de Milão, Porto, Manchester United e agora o Sevilla.
A carreira de Alex Telles, porém, poderia ter tomado outro rumo em duas oportunidades: o Rio de Janeiro. Primeiro, ele chegou a ter tudo certo para jogar no Fluminense. Depois, em 2015, foi um pedido de Vanderlei Luxemburgo para reforçar o Flamengo.
A camisa tricolor Telles só não vestiu porque quis fazer um jogo de despedida do Juventude. Ele foi contra a vontade de seu empresário. A "teimosia" de entrar em campo contra o Cruzeiro de Porto Alegre acabou resultando em uma lesão séria – e também em aprendizado para a carreira.
"Queria fechar meus 12 anos de Juventude com chave de ouro. Aos cinco minutos, fiz um gol, meu primeiro como profissional. Foi um sonho realizado, e pensei que tinha feito a escolha certa em jogar. Mas aos 10, umas três jogadas depois, num cruzamento, acabei rompendo o (ligamento) cruzado do joelho. Foi um baque muito grande, que serviu como aprendizado. Perdi um sonho pela lesão, mas vieram outros depois", contou ele, em 2015, quando esteve na mira do Fla.
"Fiquei muito contente. O Flamengo tem uma torcida que não tem nem o que falar e uma grande história. E o Luxemburgo me deu confiança no Grêmio. Tenho carinho e respeito por tudo o que fez por mim e fico muito agradecido. Nessas horas vemos que o trabalho está sendo bem feito. Deixo na mão do meu empresário e de Deus para ver o que acontece. Mas no momento, pretendo continuar aqui (na Europa)", disse, na ocasião.
A opção se mostrou acertada, já que a carreira de Telles deu um salto desde a saída da Turquia. No último ano, porém, ele tomou uma decisão que poderia ser vista como arriscada, ao deixar o gigante Manchester United pelo Sevilla. A busca era por mais minutos em campo, pensando no grande objetivo de disputar a Copa do Mundo. Deu tudo certo.
